Os estágios me proporcionaram várias formas de conhecimento e do ponto de vista de um telespectador não muito ativo, por alguns momentos, devido a modalidade de estágio e as orientações institucionais, percebi que muitas práticas educacionais advindas do tradicionalismo e algumas vezes o uso do autoritarismo como mecanismo de ordenação se repetem. Acredito que seja porque não devemos abandonar aquilo que dá certo em determinados contextos, como dizia Paulo Freire (2007), a inserção de coisas novas é importante, mas as velhas práticas ainda dão bons resultados.
Larossa (2002) ressalta que “a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.” Posso dizer que os estágios sensibilizaram o meu olhar sobre determinadas práticas educacionais e de diferentes maneiras foi ressaltado que o importante não é ter como título institucional/ou não a denominação de uma corrente pedagógica, e sim conhecê-las e utilizar o melhor de cada uma, pois em diferentes situações nas praticas educacionais métodos diferenciados serão aplicados porque em cada grupo as experiências se concebem de maneiras distintas. A sensibilidade do olhar nas práticas educacionais é um elemento de suma importância para alcançar os objetivos propostos pela educação em todas as fases da vida.
Os professores/ educadores, coordenação pedagógica e direção das instituições em que estagiei, estabelecem com os alunos uma relação de proximidade e respeito mútuo baseada no diálogo. Não que isso seja um fator que resulte na qualidade do ensino como deixa bem claro a Zagury (2009), mas é um ponto significativo para a construção de um bom trabalho integrado. As necessidades afetivas atribuem significado a cada relação que o individuo em sociedade estabelece com o outro, e que se faz importante permitimos uma relação mais aberta para identificarmos as necessidades reais do educando, e com isso avaliarmos certas práticas educacionais que por algum motivo não conseguem atingir o estado de corporificação (aprender e dar significado ao conteúdo das aulas) no seu determinado tempo. Sobretudo, não podemos esquecer que vivemos sobre duas lógicas temporais; o tempo de “Aiôn” (o momento vivido que não volta mais) e o tempo de “Cronos”(vida e morte). Devemos aguçar o nosso olhar refletindo e respeitando o tempo e o momento que cada individuo tem para se desenvolver não esquecendo de que “Aiôn” e “Cronos” têm o seu próprio tempo. Focar no estudante é o que garante o sucesso escolar.
Referências:
FREIRE, Paulo. O processo de alfabetização de adultos como ação cultural para a liberdade. In: Ação cultural para a liberdade: e outros escritos. 12ª Ed. – São Paulo: Paz e Terra, 2007.
LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. n° 19 - Espanha, Universidade de Barcelona, 2002.
ZAGURY, Tânia. O professor refém: para pais e professores entenderem porque fracassa a educação no Brasil. 9ª Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2009.